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2012 - Livro Vermelho 2013

Najas guadalupensis (Spreng.) Magnus LC

Informações da avaliação de risco de extinção


Data: 08-08-2012

Criterio:

Avaliador: Eduardo Pinheiro Fernandez

Revisor: Tainan Messina

Analista(s) de Dados: CNCFlora

Analista(s) SIG:

Especialista(s):


Justificativa

Najas guadalupensis, apesar de não estar muito bem representada em herbários brasileiros e com poucas coletas realizadas em território nacional, apresenta uma distribuição ampla nos neotrópicos, em ambientes associados a cursos d'água. Ocorre em quatro grandes domínios fitogeográficos brasileiros (Amazônia, Caatinga, Pampa (Campos Sulinos) e Pantanal), em rios, riachos, lagos e lagoas, perenes ou não. Por esse motivos, foi considerada "Menos Preocupante" (LC) quanto ao seu risco de extinção.

Taxonomia atual

Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.

Nome válido: Najas guadalupensis (Spreng.) Magnus;

Família: Hydrocharitaceae

Sinônimos:

  • > Najas guadalupensis subsp. guadalupensis ;
  • > Caulinia guadalupensis ;
  • > Najas arcana ;
  • > Najas flexilis var. curassavica ;
  • > Najas flexilis var. fusiformis ;
  • > Najas flexilis var. gollmeriana ;
  • > Najas flexilis var. guadalupensis ;
  • > Najas flexilis var. punctata ;
  • > Najas guadalupensis var. curassavica ;
  • > Najas microdon ;
  • > Najas microdon var. curassavica ;
  • > Najas microdon var. guadalupensis ;
  • > Najas punctata ;
  • > Najas urbaniana ;

Mapa de ocorrência

- Ver metodologia

Informações sobre a espécie


Notas Taxonômicas

Descrita em Beitr. Kenntn. Najas 8. 1870.

Distribuição

Espécie de ampla distribuição, ocorre nos Estados Unidos, Bahamas, Antilhas, México, Guatemala, El Salvador, Honduras, Nicarágua, Costa Rica, Suriname e América do Sul (Lowden, 1986); no Brasil ocorre nos Estados do Amazonas, Bahia, Minas Gerais e Rio Grande do Sul (Bove, 2012).

Ecologia

Caracteriza-se por ervas, submersas, anuais, monóicas (Lowden, 1986); polinização hidrofílica (Huang et al., 2001).

Ameaças

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes O modelo tradicional da ocupação da Amazônia tem levado a um aumento significativo do desmatamento na Amazônia legal, sendo este um fenômeno de natureza bastante complexa, que não pode ser atribuído a um único fator. As questões mais urgentes em termos da conservação e uso dos recursos naturais da Amazônia dizem respeito à perda em grande escala de funções críticas da Amazônia frente ao avanço do desmatamento ligado às políticas de desenvolvimento na região, tais como especulação de terra ao longo das estradas, crescimento das cidades, aumento dramático da pecuária bovina, exploração madeireira e agricultura familiar (mais recentemente a agricultura mecanizada), principalmente ligada ao cultivo da soja e algodão. Esse aumento das atividades econômicas em larga escala sobre os recursos da Amazônia legal brasileira tem aumentado drasticamente a taxa de desmatamento que, no período de 2002 e 2003, foi de 23.750 km², a segunda maior taxa já registrada nessa região, superada somente pela marca histórica de 29.059 km² desmatados em 1995. A situação é tão crítica que, recentemente, o governo brasileiro criou um Grupo Interministerial a fim de combater o desmatamento e apontar soluções de como minimizar seus efeitos na Amazônia legal (Ferreira et al., 2005).

1.1.4.3 Agro-industry
Detalhes Atualmente a base da economia da região do Pantanal é a criação extensiva de gado para corte, uma vez que a agricultura é pouco recomendada, devido principalmente às enchentes periódicas e aos solos pouco férteis. A atividade turística vem se expandindo nos últimos anos, e mais recentemente, em alguns municípios da BAP, têm sido instalados alguns empreendimentos de mineração. Em geral, a pecuária nessa região não apresenta tratos culturais específicos, ocasionando degradação do solo, principalmente erosão e compactação, além de incêndios, queimadas e desmatamentos para estabelecimento de pastagens. Além disso, a fiscalização precária associada ao desconhecimento da legislação e à falta de conscientização sobre a importância ambiental da região, permitem que atividades predatórias como a pesca e a caça clandestina sejam uma ameaça, exercendo grande pressão sobre a fauna, principalmente nos períodos reprodutivos. As atividades mineradoras, além de gerarem forte impacto visual, causam assoreamento e modificam a trajetória dos corpos d'água, contaminando as bacias com dejetos de diferentes origens e intensificando processos erosivos, com conseqüente descaracterização da paisagem. Esse processo de colonização aliado à implantação de grandes projetos econômicos, como o gasoduto Brasil-Bolívia, vêm sistematicamente modificando a paisagem pantaneira. A remoção da vegetação, principalmente nos planaltos onde se situam as nascentes dos rios que formam o Pantanal, tem acelerado a destruição dos habitats, sendo a principal causa do assoreamento dos rios na planície e da intensificação das inundações (Harris et al., 2005).

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes A área total de Campos no sul do Brasil era 18 milhões de ha, ao passo que em 1996 a área estava em 13,7 milhões de ha (i.e. 23,7% da área total dessa região), sendo 10,5 milhões ha no Rio Grande do Sul (área total: 28,2 milhões ha), 1,8 milhão ha em Santa Catarina (área total: 9,6 milhões ha) e 1,4 milhão ha no Paraná (área total: 20 milhões ha). Um decréscimo de 25% da área total dos campos naturais ocorreu nos últimos 30 anos devido a uma forte expansão das atividades agrícolas. Houve um aumento significativo na produção de milho, soja e trigo, o que se deu às custas dos campos naturais, além da produção de arroz. Atualmente os três Estados da região sul do Brasil produzem 60% do arroz no Brasil. O cultivo de árvores exóticas tem recebido muitos incentivos, tanto das indústrias privadas quanto do governo, para a produção de celulose principalmente. Particularmente nos campos do Planalto Sul-Brasileiro, áreas que antes eram utilizadas com a pecuária foram transformadas em plantações de Pinus sp. de grandes extensões, essas densas monoculturas não permitem o crescimento de plantas no sub-bosque, o que agrava significativamente os danos causados por esta atividade. Na região sul do Rio Grande do Sul também há a pressão exercida pelo plantio de Eucalyptus sp., também levando à perda de espécies campestres. A intensificação dos sistemas de produção pecuária tem levado ao aumento na área de pastagens cultivadas. Apesar da alta produtividade e potencial forrageiro de muitas espécies nativas, elas não são exploradas comercialmente e as pastagens cultivadas são produzidas principalmente com espécies exóticas. Outra forte ameaça é o sobrepastejo, que possui conseqüências negativas para a cobertura do solo, facilitando a degradação em regiões com condições de solos vulneráveis, acelerando o processo de erosão. Apenas 453 km² dos Campos Sulinos estão protegidos em Unidades de Conservação de proteção integral, o que equivale a menos de 0,5% da área total desta formação vegetal. A maior parte deste percentual está nos mosaicos de Campos e floresta com Araucária, nos Parques Nacionais dos Aparados da Serra, da Serra Geral e de São Joaquim (norte do RS e SC) (Overbeck et al., 2009).

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes Mais de 25 milhões de pessoas, aproximadamente 15% da população do Brasil, vivem na Caatinga. A população rural é extremamente pobre e os longos períodos de seca diminuem ainda mais a produtividade da região, aumentando o sofrimento da população. A atividade humana não sustentável, como a agricultura de corte e queima que converte, anualmente, remanescentes de vegetação em culturas de ciclo curto além do corte de madeira para lenha, a caça de animais e a contínua remoção da vegetação para a criação de bovinos e caprinos tem levado ao empobrecimento ambiental, em larga escala, da Caatinga. Os bovinos e caprinos foram introduzidos pelos europeus no início do século XVI e rapidamente devastaram a vegetação da Caatinga, não adaptada à pastagem intensiva. O número estimado de cabeças desses animais, atualmente, é de mais de 10 milhões e já são reconhecidos núcleos de desertificação associados ao sobrepastejo e, principalmente, ao pisoteio dos mesmos. Desde o início da colonização européia, as áreas de solos mais produtivos também foram convertidas em pastagens e culturas agrícolas. As florestas de galeria foram largamente substituídas por formações abertas nos últimos 500 anos, afetando o regime de chuvas local e regional e levando ao assoreamento de córregos e até mesmo de grandes rios. Rios anteriormente navegáveis, que permitiam o transporte de animais e madeira do interior do país, estão, agora, sazonalmente secos. Por fim, as técnicas de irrigação desenvolvidas nas últimas décadas para a fruticultura e plantações de soja têm acelerado o processo de desertificação. Todos esses usos inapropriados do solo têm causado sérios danos ambientais, p. ex., a desertificação já atinge 15% da área da região e ameaçado a biodiversidade da Caatinga (Leal et al., 2005).

Ações de conservação

1.2.1.3 Sub-national level
Observações: Espécie considerada "Vulnerável" (VU) pela Lista vermelha da flora do Rio Grande do Sul (CONSEMA-RS, 2002).

Referências

- CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE, RIO GRANDE DO SUL. Decreto estadual CONSEMA n. 42.099 de 31 de dezembro de 2002. Declara as espécies da flora nativa ameaçadas de extinção no estado do Rio Grande do Sul e da outras providências, Palácio Piratini, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 31 dez. 2002, 2002.

- BOVE, C.P. Najas guadalupensis in Najas (Hydrocharitaceae) in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Disponivel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB036301>.

- LOWDEN, R.M. Taxonomy of the genus Najas L. (Najadaceae) in the neotropics., Aquatic Botany, Amsterdam, v.24, p.147-184, 1986.

- WOODSON, R.E.; JR. SCHERY, R. W.; WENTZ, W.A.; HAYNES, R.R. Flora of Panama. Part II. Family 3B. Najadaceae., Annals of the Missouri Botanical Graden, v.60, p.1-5, 1973.

- LEAL, I.R.; SILVA, J.M.C.; TABARELLI, M.; LACHER JR., T.E. Mudando o curso da conservação da biodiversidade na Caatinga do Nordeste do Brasil., Megadiversidade, p.139-146, 2005.

- HARRIS, M.B.; ARCANGELO, C.; PINTO, E.C.T. ET AL. Estimativas de perda da área natural da Bacia do Alto Paraguai e Pantanal Brasileiro., 2005.

- EDITORES: PILLAR, V.P.; MÜLLER, S.C.; CASTILHOS, Z.M.S.; JACQUES, A.V.A. Os Campos Sulinos: um bioma negligenciado. Campos Sulinos: conservação e uso sustentável da biodiversidade. p.26-41, 2009.

- FERREIRA, L.V.; VENTICINQUE, E; ALMEIDA, S. O desmatamento na Amazônia e a importância das áreas protegidas., Estudos Avançados, São Paulo, Universidade de São Paulo, v.19, n.53, p.157-166, 2005.

- HUANG, S.; GUO, Y.; ROBERT, G.W.; SHI, Y.; SUN, K. Mechanism of underwater pollination in Najas marina (Najadaceae)., Aquatic Botany, v.70, p.67-78, 2001.

Como citar

CNCFlora. Najas guadalupensis in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Najas guadalupensis>. Acesso em .


Última edição por CNCFlora em 08/08/2012 - 16:57:03